INDICADORES OBSTÉTRICOS PRÉ E PÓS-IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM GINECOLOGIA-OBSTETRÍCIA

Autores

  • Rodrigo Dias Nunes Médico Ginecologista e Obstetra do Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes. São José/SC. Professor Doutor do Curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça/SC.
  • Natália Vidal Lucena Médica Ginecologista e Obstetra do Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes. São José/SC.
  • Eliane Traebert Professora Doutora do Curso de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça/SC.
  • Mayara Seeman Hames Estudante do Curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça/SC.
  • Jefferson Traebert Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Universidade do Sul de Santa Catarina

Palavras-chave:

Internato e Residência, Episiotomia, Cesárea, Períneo

Resumo

Introdução: A importância da especialização de profissionais de saúde tornou-se clara na medida em que surgiram avanços em tecnologia e informação para diagnóstico, profilaxia e tratamento, em todas as áreas da medicina. A residência médica pode mudar os resultados assistenciais de um serviço. Objetivo: Esse estudo objetivou avaliar o impacto da implantação de um programa de residência médica no desfecho obstétrico das pacientes assistidas em uma maternidade pública. Métodos: Estudo transversal utilizando-se registros de partos do Centro Obstétrico do Hospital Regional de São José/SC, dos anos de 2013 a 2014 e 2016 a 2017, períodos anterior e posterior, respectivamente, à instalação do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia. As características sociodemográficas foram descritas e desfechos obstétricos imediatos como realização de cesariana, episiotomia, laceração perineal espontânea e graus de laceração foram comparados entre os dois períodos. Foram estimadas Razões de Prevalência e os respectivos intervalos de confiança de 95% a período anterior e posterior ao Programa de Residência e via de parto cesariana, realização de episiotomia, ocorrência de laceração perineal espontânea e lacerações de maior gravidade. Aquelas com p < 0,25 foram incluídas em um modelo ajustado pela Regressão de Poisson, para afastamento de possíveis variáveis de confusão. Resultados: O modelo multivariado apontou que a presença dos médicos residentes em Ginecologia-Obstetrícia não interferiu, estatisticamente, nas taxas de cesariana. Sua presença demonstrou significativa redução da prevalência de realização de episiotomia [RP 0,90 (IC 95% 0,88; 0,92)] (p < 0,001), porém aumento na prevalência de lacerações perineais espontâneas [RP 1,11 (IC 95% 1,08; 1,14)] (p < 0,001) e, em havendo laceração espontânea, acarretando um pequeno acréscimo na prevalência naquelas de terceiro e quarto grau [RP 1,02 (IC 95% 1,01-1,04)] (p = 0,001). Conclusão: É imprescindível a imersão do profissional médico em uma especialidade para se alcançar um melhor desempenho durante o exercício de suas funções, porém a presença do profissional em treinamento promove diferença nos indicadores obstétricos.

Biografia do Autor

  • Jefferson Traebert, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Universidade do Sul de Santa Catarina
    Professor da disciplina de Epidemiologia do Programa de Póa-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça/SC.

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Publicado

22/07/2024

Edição

Seção

Artigo original

Como Citar

INDICADORES OBSTÉTRICOS PRÉ E PÓS-IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM GINECOLOGIA-OBSTETRÍCIA. (2024). Arquivos Catarinenses De Medicina, 51(4), 63-73. https://revista.acm.org.br/arquivos/article/view/1130

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