FATORES DE RISCO PARA ABORTAMENTO EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO SUL DO BRASIL: UM ESTUDO CASO-CONTROLE
Palavras-chave:
Aborto, Aborto Habitual, Aborto Incompleto, Fatores de risco, Análise Multivariada, Perfil de SaúdeResumo
Objetivo: Traçar os fatores de risco para o abortamento no Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão-SC, no período de julho de 2010 a julho de 2011. Métodos: Foi realizado um estudo caso-controle, onde foram analisados 366 prontuários, sendo 122 casos de pacientes que deram entrada com abortamento e 244 controles de pacientes que tiveram seus partos normalmente. Foi realizada análise descritiva, bivariada e regressão logística, relatando-se o OR e respectivo IC95%. Resultados: No presente estudo 96,7% dos abortos foram classificados como espontâneos e 3,3% como provocados. Foi observado que as mulheres que não tinham relação estável apresentaram duas vezes mais chances de abortamento do que as que possuíam (OR: 1,98) (p=0,037), assim como as com menos de oito anos de escolaridade (OR:2,03) (p=0,0013). As pacientes tabagistas apresentaram uma chance de aborto aproximadamente sete vezes maior do que as não fumantes (OR:6,49) (p=0,0000013), e uma magnitude de chance semelhante foi encontrada nas pacientes que não possuíam religião (OR:6,87) (p=0,000013). Foi encontrada também uma associação de aborto com aborto prévio, sendo que as que o possuíam apresentaram o dobro de chance em comparação à aquelas que não possuíam aborto anterior (OR: 1,88) (p=0,021). Conclusão: Mulheres que não possuíam parceiro fixo e religião, assim como aquelas que tiveram oito anos ou menos de escolaridade, fumantes e com história de abortamento prévio apresentaram um risco maior de abortamento na análise multivariada.Referências
WHO: recommended definitions, terminology and format for statistical tables related to the perinatal period and use of a new certificate for cause of perinatal deaths. Modifications recommended by FIGO as amended October 14, 1976. Acta Obstet Gynecol Scand 1977;56(3): 247-53.
Zugaib M. Obstetrícia. v. 1. 1. ed. São Paulo: Manole, 2008. 1248 p.
Helgstrand S, Andersen NAM. Maternal underweight and the risk of spontaneous abortion. Acta Obstet Gynecol Scand 2005; 84(1): 1197-1201.
Brasil.CID10.Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=040203 (01/10/2017).
Barini R, Couto E, Mota MM, Santos MTC, Leiber RS, Batista CS. Fatores associados ao aborto espontâneo recorrente. Rev Bras Ginecol Obstet; 2000: 22 (4): 217-23.
Chaves BHJ, Pessini L, Bezerra SFA, Nunes R. Abortamento provocado e o uso de contraceptivos em adolescentes. Rev Bras Clin Med 2010; 8(2): 94-100.
Simpson JK. Causes of fetal wastage. Clin Obstet Gynecol 2007; 50(1):10-30.
Scott ER. Recurrent Spontaneous Abortion: Evaluation and Management. American Family Physician 1993; 48 (8): 1451-7.
Mattar R, Camano L, Daher S. Aborto Espontâneo de Repetição e Atopia. Rev Bras Ginecol Obstet; 25 (5): 331-335, 2003.
Christiansen OB, Kolte AM, Larsen EC, et al. (2016) Immunological Causes of Recurrent Pregnancy Loss. In: Bashiri A., Harlev A., Agarwal A. (eds) Recurrent Pregnancy Loss. Springer, Cham.
Kaur R, Gupta K. Endocrine dysfunction and recurrent spontaneous abortion: An overview. International Journal of Applied and Basic Medical Research. 2016;6(2):79-83. doi:10.4103/2229-516X.179024.
Zahran AB, Ali EA, Siddeg WA, et al. Thyrotropin and Thyroid Antibodies in Sudanese Women with Recurrent Miscarriage. Khartoum Medical Journal (2016) Vol. 09, No. 01, pp. 1224 - 1229
Shannon C, Brothers LP, Philip NM, et al. Infection after medical abortion: A review of the literature. Contraception, Vol 70 (3), September 2004, p 183-190
Voskakis I, Tsekoura C, Keramitsoglou T, Tsantoulas E, et al. M. Chlamydia trachomatis infection and V?9V?2 ? cells in women with recurrent spontaneous abortions.American Journal of Reproductive Immunology, 2016, vol 76: 358–363. doi: 10.1111/aji.12554
Nielsen A, at al. Maternal smoking predicts the risk of spontaneous abortion. Acta Obstetricia et Gynecologica 2006; 85(1): 1057-65
Singh S, at all. Hospital admissions resulting from unsafe abortion: estimates from 13 developing countries. Lancet 2006; 368(1): 1887–92.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Depar¬tamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Atenção humanizada ao abortamento. Brasília (DF); 2005.
Olinto ATM, Moreira DC. Fatores de risco e preditores para o aborto induzido: estudo de base populacional. Cad. Saúde Pública 2006; 22(2): 365-375.
Paxman J, Rizo A, Brown L, Benson J. The clandestine epidemic: the practice of unsafe abortion in Latin America. Stud Fam Plann 1993; 24:205-26.
Fonseca W, Misago C, Freitas P, Santos E, Fernandes L, Correia L. Características sócio-demográficas, reprodutivas e médicas de mulheres admitidas por aborto em hospital da Região Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública 1998; 14(2): 279-286.
Menezes G, Aquino MLE. Pesquisa sobre o aborto no Brasil: avanços e desafios para o campo da saúde coletiva. Cad. Saúde Pública 2009; 5( 2):193-204.
Buss L, Tolstrup J, Munk C, Bergholt T, Ottesen B, Gronbaek M, Kjaer SK. Spontaneous abortion: A prospective cohort study of younger women from the general population in Denmark. Validation, occurrence and risk determinants. Acta Obstetricia et Gynecologica. 2006; 85: 467-475.
Cecatti JG, Guerra GVQL, Sousa MH, Menezes G. Aborto no Brasil: um enfoque demográfico. Rev Bras Ginecol Obstet. 2010; 32(3):105-11.
Munoz JB, Sánchez LT, Carrillo LL. Exposure to maternal and paternal tobacco consumption and risk of spontaneous abortion. Public Health Reports. 2009; 124(1): 317-22.
Chaves JHB, Oliveira EM, Bezerra AFS, Camano L, Sun SY, Mattar R. O abortamento incompleto (provocado e espontâneo) em pacientes atendidas em maternidade do Sistema Único de Saúde. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2011 mai-jun;9(3):189-94.
Sorrentino, SR. & Lebrão, ML. Os abortos no atendimento hospitalar do Estado de São Paulo, 1995. Rev. Bras. Epidemiol. 1998; 1 (3): 256-67.
Holanda AAR, Santos HPFD, BarbosaMF, Barreto CFB. Tratamento do Abortamento do Primeiro Trimestre da Gestação: Curetagem versus Aspiração Manual a Vácuo. Rev Bras Ginecol Obstet. 2003; 25 (4): 271-76.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Arquivos Catarinenses de Medicina
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.