FATORES DE RISCO PARA ABORTAMENTO EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO SUL DO BRASIL: UM ESTUDO CASO-CONTROLE

Autores

  • Thiago Mamoru Sakae UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina
  • Caroline Popia França Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba
  • Tulia Kleveston Médica ginecologista e obstetra - Hospital Regional de Araranguá Residência em Ginecologia e Obstetrícia R4 - Universidade Federal de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.63845/cs57qr68

Palavras-chave:

Aborto, Aborto Habitual, Aborto Incompleto, Fatores de risco, Análise Multivariada, Perfil de Saúde

Resumo

Objetivo: Traçar os fatores de risco para o abortamento no Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão-SC, no período de julho de 2010 a julho de 2011. Métodos: Foi realizado um estudo caso-controle, onde foram analisados 366 prontuários, sendo 122 casos de pacientes que deram entrada com abortamento e 244 controles de pacientes que tiveram seus partos normalmente. Foi realizada análise descritiva, bivariada e regressão logística, relatando-se o OR e respectivo IC95%. Resultados: No presente estudo 96,7% dos abortos foram classificados como espontâneos e 3,3% como provocados. Foi observado que as mulheres que não tinham relação estável apresentaram duas vezes mais chances de abortamento do que as que possuíam (OR: 1,98) (p=0,037), assim como as com menos de oito anos de escolaridade (OR:2,03) (p=0,0013). As pacientes tabagistas apresentaram uma chance de aborto aproximadamente sete vezes maior do que as não fumantes (OR:6,49) (p=0,0000013), e uma magnitude de chance semelhante foi encontrada nas pacientes que não possuíam religião (OR:6,87) (p=0,000013). Foi encontrada também uma associação de aborto com aborto prévio, sendo que as que o possuíam apresentaram o dobro de chance em comparação à aquelas que não possuíam aborto anterior (OR: 1,88) (p=0,021). Conclusão: Mulheres que não possuíam parceiro fixo e religião, assim como aquelas que tiveram oito anos ou menos de escolaridade, fumantes e com história de abortamento prévio apresentaram um risco maior de abortamento na análise multivariada.

Biografia do Autor

  • Thiago Mamoru Sakae, UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina
    Doutor em Ciências Médicas - UFSC Mestre em Saúde Pública - UFSC Residência em Saúde da Família e Medicina Comunitária - HNSC Tubarão Residência em Anestesiologia - HF Florianópolis
  • Caroline Popia França, Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba
    Médica formada pela Unisul Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba

Referências

WHO: recommended definitions, terminology and format for statistical tables related to the perinatal period and use of a new certificate for cause of perinatal deaths. Modifications recommended by FIGO as amended October 14, 1976. Acta Obstet Gynecol Scand 1977;56(3): 247-53. DOI: https://doi.org/10.3109/00016347709162009

Zugaib M. Obstetrícia. v. 1. 1. ed. São Paulo: Manole, 2008. 1248 p.

Helgstrand S, Andersen NAM. Maternal underweight and the risk of spontaneous abortion. Acta Obstet Gynecol Scand 2005; 84(1): 1197-1201. DOI: https://doi.org/10.1111/j.0001-6349.2005.00706.x

Brasil.CID10.Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=040203 (01/10/2017).

Barini R, Couto E, Mota MM, Santos MTC, Leiber RS, Batista CS. Fatores associados ao aborto espontâneo recorrente. Rev Bras Ginecol Obstet; 2000: 22 (4): 217-23. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-72032000000400005

Chaves BHJ, Pessini L, Bezerra SFA, Nunes R. Abortamento provocado e o uso de contraceptivos em adolescentes. Rev Bras Clin Med 2010; 8(2): 94-100.

Simpson JK. Causes of fetal wastage. Clin Obstet Gynecol 2007; 50(1):10-30. DOI: https://doi.org/10.1097/GRF.0b013e31802f11f6

Scott ER. Recurrent Spontaneous Abortion: Evaluation and Management. American Family Physician 1993; 48 (8): 1451-7.

Mattar R, Camano L, Daher S. Aborto Espontâneo de Repetição e Atopia. Rev Bras Ginecol Obstet; 25 (5): 331-335, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-72032003000500005

Christiansen OB, Kolte AM, Larsen EC, et al. (2016) Immunological Causes of Recurrent Pregnancy Loss. In: Bashiri A., Harlev A., Agarwal A. (eds) Recurrent Pregnancy Loss. Springer, Cham. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-27452-2_6

Kaur R, Gupta K. Endocrine dysfunction and recurrent spontaneous abortion: An overview. International Journal of Applied and Basic Medical Research. 2016;6(2):79-83. doi:10.4103/2229-516X.179024. DOI: https://doi.org/10.4103/2229-516X.179024

Zahran AB, Ali EA, Siddeg WA, et al. Thyrotropin and Thyroid Antibodies in Sudanese Women with Recurrent Miscarriage. Khartoum Medical Journal (2016) Vol. 09, No. 01, pp. 1224 - 1229

Shannon C, Brothers LP, Philip NM, et al. Infection after medical abortion: A review of the literature. Contraception, Vol 70 (3), September 2004, p 183-190 DOI: https://doi.org/10.1016/j.contraception.2004.04.009

Voskakis I, Tsekoura C, Keramitsoglou T, Tsantoulas E, et al. M. Chlamydia trachomatis infection and V?9V?2 ? cells in women with recurrent spontaneous abortions.American Journal of Reproductive Immunology, 2016, vol 76: 358–363. doi: 10.1111/aji.12554 DOI: https://doi.org/10.1111/aji.12554

Nielsen A, at al. Maternal smoking predicts the risk of spontaneous abortion. Acta Obstetricia et Gynecologica 2006; 85(1): 1057-65 DOI: https://doi.org/10.1080/00016340600589560

Singh S, at all. Hospital admissions resulting from unsafe abortion: estimates from 13 developing countries. Lancet 2006; 368(1): 1887–92. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(06)69778-X

Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Depar¬tamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Atenção humanizada ao abortamento. Brasília (DF); 2005.

Olinto ATM, Moreira DC. Fatores de risco e preditores para o aborto induzido: estudo de base populacional. Cad. Saúde Pública 2006; 22(2): 365-375. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2006000200014

Paxman J, Rizo A, Brown L, Benson J. The clandestine epidemic: the practice of unsafe abortion in Latin America. Stud Fam Plann 1993; 24:205-26. DOI: https://doi.org/10.2307/2939189

Fonseca W, Misago C, Freitas P, Santos E, Fernandes L, Correia L. Características sócio-demográficas, reprodutivas e médicas de mulheres admitidas por aborto em hospital da Região Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública 1998; 14(2): 279-286. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X1998000200004

Menezes G, Aquino MLE. Pesquisa sobre o aborto no Brasil: avanços e desafios para o campo da saúde coletiva. Cad. Saúde Pública 2009; 5( 2):193-204. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009001400002

Buss L, Tolstrup J, Munk C, Bergholt T, Ottesen B, Gronbaek M, Kjaer SK. Spontaneous abortion: A prospective cohort study of younger women from the general population in Denmark. Validation, occurrence and risk determinants. Acta Obstetricia et Gynecologica. 2006; 85: 467-475. DOI: https://doi.org/10.1080/00016340500494887

Cecatti JG, Guerra GVQL, Sousa MH, Menezes G. Aborto no Brasil: um enfoque demográfico. Rev Bras Ginecol Obstet. 2010; 32(3):105-11. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-72032010000300002

Munoz JB, Sánchez LT, Carrillo LL. Exposure to maternal and paternal tobacco consumption and risk of spontaneous abortion. Public Health Reports. 2009; 124(1): 317-22. DOI: https://doi.org/10.1177/003335490912400220

Chaves JHB, Oliveira EM, Bezerra AFS, Camano L, Sun SY, Mattar R. O abortamento incompleto (provocado e espontâneo) em pacientes atendidas em maternidade do Sistema Único de Saúde. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2011 mai-jun;9(3):189-94.

Sorrentino, SR. & Lebrão, ML. Os abortos no atendimento hospitalar do Estado de São Paulo, 1995. Rev. Bras. Epidemiol. 1998; 1 (3): 256-67. DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-790X1998000300005

Holanda AAR, Santos HPFD, BarbosaMF, Barreto CFB. Tratamento do Abortamento do Primeiro Trimestre da Gestação: Curetagem versus Aspiração Manual a Vácuo. Rev Bras Ginecol Obstet. 2003; 25 (4): 271-76. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-72032003000400008

Downloads

Publicado

01/06/2018

Edição

Seção

Artigo original

Como Citar

FATORES DE RISCO PARA ABORTAMENTO EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO SUL DO BRASIL: UM ESTUDO CASO-CONTROLE. (2018). Arquivos Catarinenses De Medicina, 47(2), 35-48. https://doi.org/10.63845/cs57qr68