SUSCETIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE CULTURAS DE URINA PROVENIENTES DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Autores

  • Vito Ribeiro Venturieri Universidade Federal de Santa Catarina
  • Ivete Ioshiko Masukawa Universidade Federal de Santa Catarina
  • Fabricio de Souza Neves Universidade Federal de Santa Catarina

Palavras-chave:

Infecção urinaria. Resistência microbiana a medicamentos. Anti-infecciosos urinários.

Resumo

Este artigo descreve a frequência e o perfil de suscetibilidade a antimicrobianos dos microrganismos isolados em amostras de urina analisadas pelo laboratório de análises clínicas do Hospital Universitário Prof. Polydoro Ernani de São Thiago, localizado em Florianópolis – SC, Brasil. Os dados foram obtidos de exames de culturas de urina de origem comunitária, submetidas a testes de suscetibilidade antimicrobiana automatizada, realizadas no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2016. Foram analisadas 7964 uroculturas. O microrganismo mais frequente foi Escherichia coli (65,7%), seguido por Klebsiella pneumoniae (8,5%), Proteus mirabilis (6,8%), e Enterococcus faecalis (4,9%). Destaca-se que na faixa etária pediátrica (<15 anos) a prevalência do P. mirabilis foi de 13,5%, para o sexo feminino, e 37,7%, para o sexo masculino. Nos idosos (?60 anos) a prevalência de E. faecalis foi de 6,0% para o sexo feminino e 13,8% para o sexo masculino. A suscetibilidade de E. coli ao ciprofloxacino na população foi de 83,9%, variando de 72,5% em homens a 85,4% em mulheres e de 97,7% em meninos entre 0-14 anos a 58,9% em homens com 60 anos ou mais. O modelo de regressão logística demonstrou que, para os isolados de E coli, o sexo masculino e o aumento da idade estão significantemente ligados a maior resistência a vários antimicrobianos, entre os quais o ciprofloxaxino (P<0,001). Concluiu-se que a frequência dos microorganismos identificados e seu perfil de sensibilidade variam conforme o sexo e a idade dos pacientes. Recomenda-se considerar tais fatores durante a escolha de antibioticoterapia empírica para infecções do trato urinário.

Biografia do Autor

  • Vito Ribeiro Venturieri, Universidade Federal de Santa Catarina
    Médico graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina
  • Ivete Ioshiko Masukawa, Universidade Federal de Santa Catarina
    Médica Infectologista do Hospital Universitário da UFSC.
    Médica Infectologista do Hospital Nereu Ramos - Secretaria de Estado da Saúde
    Mestre em Medicina pela Universidade de São Paulo
  • Fabricio de Souza Neves, Universidade Federal de Santa Catarina
    Médico reumatologista; professor do departamento de Clínica Médica, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina.

Referências

Foxman B, Barlow R, D'Arcy H, Gillespie B, Sobel JD. Urinary Tract Infection: Self-Reported Incidence and Associated Costs. Annals of Epidemiology. 2000;10(8):509-15.

Foxman B. Epidemiology of urinary tract infections: incidence, morbidity, and economic costs. The American Journal of Medicine. 2002;113(1, Suppl 1):5-13.

Schappert S, Rechtsteiner E. Ambulatory medical care utilization estimates for 2007. Vital Health Stat [Internet]. 2011 [citado em: 01 Jan. 2017]; 13. Disponível em: https://www.cdc.gov/nchs/data/series/sr_13/sr13_169.pdf

Grabe M, Bartoletti R, Bjerklund Johansen TE, Cai T, Çek M, Köves B, et al. Guidelines on Urological Infections. European Association of Urology [Internet]; 2015[citado em: 01 Jan. 2017]; Disponível em: http://uroweb.org/wp-content/uploads/19-Urological-infections_LR2.pdf

Gupta K, Hooton TM, Naber KG, Wullt B, Colgan R, Miller LG, et al. International Clinical Practice Guidelines for the Treatment of Acute Uncomplicated Cystitis and Pyelonephritis in Women: A 2010 Update by the Infectious Diseases Society of America and the European Society for Microbiology and Infectious Diseases. Clinical Infectious Diseases. 2011;52(5):103-20.

Falagas ME, Kotsantis IK, Vouloumanou EK, Rafailidis PI. Antibiotics versus placebo in the treatment of women with uncomplicated cystitis: A meta-analysis of randomized controlled trials. Journal of Infection. 2009;58(2):91-102.

Gupta K, Sahm DF, Mayfield D, Stamm WE. Antimicrobial Resistance Among Uropathogens that Cause Community-Acquired Urinary Tract Infections in Women: A Nationwide Analysis. Clinical Infectious Diseases. 2001;33(1):89-94.

Schito GC, Naber KG, Botto H, Palou J, Mazzei T, Gualco L, et al. The ARESC study: an international survey on the antimicrobial resistance of pathogens involved in uncomplicated urinary tract infections. International Journal of Antimicrobial Agents. 2009;34(5):407-13.

Bartoletti R, Cai T, Wagenlehner FM, Naber K, Bjerklund Johansen TE. Treatment of Urinary Tract Infections and Antibiotic Stewardship. European Urology Supplements. 2016;15(4):81-7.

Laxminarayan R, Duse A, Wattal C, Zaidi AKM, Wertheim HFL, Sumpradit N, et al. Antibiotic resistance—the need for global solutions. The Lancet Infectious Diseases. 2013;13(12):1057-98.

Scheffer MC. POP MBG 01. Serviço de Análises Clínicas / HU; 2012.

Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): coleta e preparo da amostra biológica. Barueri: Manole/Minha Editora; 2014.

Garcia LS. Clinical Microbiology Procedures Handbook, 3rd Edition. Washington (DC): ASM Press; 2010.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde: Módulo 3: Biossegurança e Manutenção de Equipamentos em Laboratório de Microbiologia Clínica. Brasília: ANVISA; 2013.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota Técnica n° 1/2013 – Medidas de prevenção e controle de infecções por enterobactérias multiresistentes. Brasília (DF): ANVISA; 2013.

CLSI. Performance standards for antimicrobial susceptibility testing, 26th informational supplement. M100-S26. Wayne (PA ): Clinical and Laboratory Standards Institute; 2016.

Ministério da Saúde (BR). Portaria nº. 2.616, de 12 de maio de 1998. Estabelece diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares. Brasília: Ministério da Saúde; 1998.

Pires MCdS, Frota KdS, Martins Junior PdO, Correia AF, Cortez-Escalante JJ, Silveira CA. Prevalência e suscetibilidades bacterianas das infecções comunitárias do trato urinário, em Hospital Universitário de Brasília, no período de 2001 a 2005. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2007;40:643-7.

Linhares I, Raposo T, Rodrigues A, Almeida A. Frequency and antimicrobial resistance patterns of bacteria implicated in community urinary tract infections: a ten-year surveillance study (2000–2009). BMC Infectious Diseases. 2013;13(1):19.

Cunha MA, Assunção GLM, Medeiros IM, Freitas MR. Antibiotic resistance patterns of urinary tract infections in a northeastern brazilian capital. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. 2016;58:2.

Zhanel GG, Karlowsky JA, Harding GKM, Carrie A, Mazzulli T, Low DE, et al. A Canadian National Surveillance Study of Urinary Tract Isolates from Outpatients: Comparison of the Activities of Trimethoprim-Sulfamethoxazole, Ampicillin, Mecillinam, Nitrofurantoin, and Ciprofloxacin. Antimicrobial Agents and Chemotherapy. 2000;44(4):1089-92.

Farrell DJ, Morrissey I, De Rubeis D, Robbins M, Felmingham D. A UK Multicentre Study of the Antimicrobial Susceptibility of Bacterial Pathogens Causing Urinary Tract Infection. Journal of Infection. 2003;46(2):94-100.

Magliano E, Grazioli V, Deflorio L, Leuci AI, Mattina R, Romano P, et al. Gender and Age-Dependent Etiology of Community-Acquired Urinary Tract Infections. The Scientific World Journal. 2012;2012:6.

Lo DS, Shieh HH, Ragazzi SLB, Koch VHK, Martinez MB, Gilio AE. Infecção urinária comunitária: etiologia segundo idade e sexo. Jornal Brasileiro de Nefrologia. 2013;35:93-8.

Arslan H, Azap ÖK, Ergönül Ö, Timurkaynak F. Risk factors for ciprofloxacin resistance among Escherichia coli strains isolated from community-acquired urinary tract infections in Turkey. Journal of Antimicrobial Chemotherapy. 2005;56(5):914-8.

Rosa R, Abbo LM, Raney K, Tookes HE, Supino M. Antimicrobial resistance in urinary tract infections at a large urban ED: Factors contributing to empiric treatment failure. The American Journal of Emergency Medicine. 2017;35(3):397-401.

Søgaard M, Heide-Jørgensen U, Vandenbroucke JP, Schønheyder HC, Vandenbroucke-Grauls CMJE. Risk factors for extended-spectrum ?-lactamase-producing Escherichia coli urinary tract infection in the community in Denmark: a case–control study. Clinical Microbiology and Infection. 2017.

Harper M, Fowlis G. 3. Management of urinary tract infections in men. Trends in Urology, Gynaecology & Sexual Health. 2007;12(1):30-5.

Spellberg B, Guidos R, Gilbert D, Bradley J, Boucher HW, Scheld WM, et al. The Epidemic of Antibiotic-Resistant Infections: A Call to Action for the Medical Community from the Infectious Diseases Society of America. Clinical Infectious Diseases. 2008;46(2):155-64.

Shortliffe LMD, McCue JD. Urinary tract infection at the age extremes: pediatrics and geriatrics. The American Journal of Medicine. 2002;113(1, Suppl 1):55-66.

Ito CAS, Gales AC, Tognim MCB, Munerato P, Dalla Costa LM. Quinolone-resistant Escherichia coli. Brazilian Journal of Infectious Diseases. 2008;12:5-9.

Alves D, Edelweiss M, Botelho L. Infecções comunitárias do trato urinário: prevalência e susceptibilidade aos antimicrobianos na cidade de Florianópolis. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. 2016; 11(38): 1-12.

Briongos-Figuero LS, Gómez-Traveso T, Bachiller-Luque P, Domínguez-Gil González M, Gómez-Nieto A, Palacios-Martín T, et al. Epidemiology, risk factors and comorbidity for urinary tract infections caused by extended-spectrum beta-lactamase (ESBL)-producing enterobacteria. International Journal of Clinical Practice. 2012;66(9):891-6.

Yang Y-S, Ku C-H, Lin J-C, Shang S-T, Chiu C-H, Yeh K-M, et al. Impact of Extended-spectrum ?-lactamase-producing Escherichia coli and Klebsiella pneumoniae on the Outcome of Community-onset Bacteremic Urinary Tract Infections. Journal of Microbiology, Immunology and Infection. 2010;43(3):194-9.

Meletis G. Carbapenem resistance: overview of the problem and future perspectives. Therapeutic Advances in Infectious Disease. 2015;3(1):15-21.

Kelly AM, Mathema B, Larson EL. Carbapenem-resistant Enterobacteriaceae in the community: a scoping review. International Journal of Antimicrobial Agents. 2017;50(2):127-34

van Duin D, Kaye KS, Neuner EA, Bonomo RA. Carbapenem-resistant Enterobacteriaceae: a review of treatment and outcomes. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease. 2013;75(2):115-20.

Goldstein FW. Antibiotic Susceptibility of Bacterial Strains Isolated from Patients with Community-Acquired Urinary Tract Infections in France. European Journal of Clinical Microbiology and Infectious Diseases. 2000;19(2):112-7.

Downloads

Publicado

25/03/2019

Edição

Seção

Artigo original

Como Citar

SUSCETIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE CULTURAS DE URINA PROVENIENTES DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. (2019). Arquivos Catarinenses De Medicina, 48(1), 155-172. https://revista.acm.org.br/arquivos/article/view/458

Artigos Semelhantes

31-40 de 106

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.