TENDÊNCIA TEMPORAL DA REALIZAÇÃO DA LAQUEADURA TUBÁRIA ASSOCIADA AO PARTO CESÁREO EM SANTA CATARINA
UM ESTUDO ECOLÓGICO
Palabras clave:
Planejamento Familiar, Esterilização tubária, Cesárea, GravidezResumen
Introdução: A laqueadura tubária (LT) é a forma de esterilização mais utilizada no Brasil, que tem uma das maiores taxas de esterilização feminina no mundo. Essa abordagem cirúrgica deve estar inserida no contexto do planejamento familiar e pode ser feita sob alguns critérios, dependendo do momento de vida da paciente, inclusive associada ao parto cesáreo. Objetivo: Analisar a tendência temporal e a distribuição regional do parto cesariano associado à laqueadura tubária financiado pelo Sistema Único de Saúde em Santa Catarina entre os anos de 2012 e 2021. Metodologia: Estudo do tipo ecológico e observacional, com análise temporal. Foram consideradas todas as internações obstétricas com registro concomitante de parto cesáreo (CID 10 O82) e laqueadura tubária (Código SIGTAP 040906018-6), ou 041101004-2 (parto cesariano com laqueadura tubária) em Santa Catarina entre 2012 e 2021, em mulheres de 20 até 49 anos, totalizando 8470 pacientes. A coleta de dados foi feita através do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Datasus. Resultados: Houve tendência temporal de crescimento nas mulheres mais escolarizadas, na população parda/amarela e na região do Planalto Norte/Nordeste e Meio Oeste/ Serra Catarinense; tendência de redução nas mulheres com 1º grau completo, na população branca, na região de Grande Oeste e Grande Florianópolis e tendência de estabilidade nas variáveis faixa etária e número de filhos. O perfil da mulher que realizou a laqueadura tubária associada ao parto cesáreo no estado de Santa Catarina no período estudado tinha entre 30 e 34 anos, 3 filhos, nível de escolaridade de 1º grau, cor branca e era da região Sul de Santa Catarina. Discussão: Diversos fatores socioeconômicos desempenham um papel fundamental na escolha e no acesso das mulheres aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva. Portanto, é importante que sejam implementadas políticas públicas que garantam o acesso universal aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva.
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