PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE PSIQUIATRIA NO SUL DO BRASIL NO PERÍODO DE 2004 A 2012

Autores

  • Ana Paula Goulart Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
  • Verônica Jordani Hospital Geral de Caxias do Sul
  • Thiago Mamôru Sakae UFSC. UNISUL.
  • Gislene Rosa Feldman Moretti Sakae Hospital São José.
  • Taisa Fantini Schaefer Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
  • Heloisa Fischer Meyer USP.

Palavras-chave:

Epidemiologia. Prevalência.Transtorno mental. Infância. Adolescência.

Resumo

Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico das crianças e adolescentes atendidos no ambulatório de psiquiatria do Instituto Abuchaim. Métodos: Estudo transversal, com coleta de dados retrospectiva de prontuários dos pacientes pediátricos e adolescentes atendidos no ambulatório do Instituto Abuchaim, entre janeiro de 2004 e junho de 2012. Resultados: A amostra compreendeu (N) 131 questionários válidos. Observou-se que 64,1% eram do sexo masculino, procedentes de Porto Alegre (84,7%), em sua maioria da raça branca (91,5%), de religião católica (80,3%), com idade média de 13 anos. 93,2% moravam com familiares, e em 47,3% das famílias os pais não moravam juntos. A escolaridade em 55% era 1° grau incompleto, sem histórico de reprovações escolares (63,4%). Os motivos de consulta mais frequentes foram dificuldades de relacionamento interpessoal (48,1%) e alterações de comportamento (30,5%).  A prevalência de transtorno mental na população estudada foi de 45,8% considerando os pacientes com algum diagnóstico identificado (n = 60). O diagnóstico de maior prevalência foi Transtorno Depressivo (26,7%) e Transtornos Fóbicos e Ansiosos (26,7%). O histórico de uso de drogas foi observado em 26%. Quando referido, os mais frequentes foram maconha (63,2%), álcool (57,9%) e tabaco (15,8%). Discussão: Apesar do reconhecimento generalizado da importância da prevenção e promoção da saúde mental de crianças e adolescentes, há uma enorme lacuna entre necessidade e recursos1 disponíveis. O acesso inadequado para cuidar de criança com doença mental e seus familiares pode ser minimizado com a capacitação de pediatras e clínicos na atenção primária de saúde na detecção, gestão e coordenação de cuidados.

Biografia do Autor

  • Ana Paula Goulart, Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
    Médica psiquiatra. Professora do curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
  • Verônica Jordani, Hospital Geral de Caxias do Sul

    Médica psiquiatra do Hospital Geral de Caxias do Sul / RS.

  • Thiago Mamôru Sakae, UFSC. UNISUL.

    Médico anestesiologista, Doutor em Ciências Médicas – UFSC. Mestre em Saúde Pública – UFSC. Professor de Epidemiologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.

  • Gislene Rosa Feldman Moretti Sakae, Hospital São José.

    Médica cardiologista do Hospital São José – Criciúma.

  • Taisa Fantini Schaefer, Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
    Médica especialista em Medicina do Trabalho e Saúde da Família e Medicina Comunitária. Professora do curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
  • Heloisa Fischer Meyer, USP.

    Médica psiquiatra. Psiquiatra da Infância e Adolescência ABP/AMB. Especialista na área de violência doméstica contra crianças e adolescentes (USP).

Referências

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Publicado

23/11/2016

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Artigo original

Como Citar

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE PSIQUIATRIA NO SUL DO BRASIL NO PERÍODO DE 2004 A 2012. (2016). Arquivos Catarinenses De Medicina, 45(3), 17-34. https://revista.acm.org.br/arquivos/article/view/108

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