FATORES ASSOCIADOS À INTERRUPÇÃO PRECOCE DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO EM PREMATUROS

Autores

  • João Ronaldo Silva Monteiro Faculdade de Nutrição. Universidade Federal de Alagoas
  • Tauane Alves Dutra Faculdade de Nutrição. Universidade Federal de Alagoas
  • Micaely Cristina dos Santos Tenório Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Alagoas
  • Danielle Alice Vieira da Silva Centro Universitário Tiradentes (UNIT)
  • Carolina Santos Mello Universidade Federal da Bahia
  • Alane Cabral Menezes de Oliveira Faculdade de Nutrição. Universidade Federal de Alagoas http://orcid.org/0000-0002-7497-919X

Palavras-chave:

Amamentação. Recém-nascido prematuro. Desmame.

Resumo

Objetivo: Avaliar a prevalência e os fatores associados à interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo (AME) em recém-nascidos prematuros. Métodos: Coorte prospectiva com puérperas no pós-parto prematuro e seus respectivos filhos, assistidos em hospital da rede pública de saúde, em Maceió-AL, nos anos de 2016/2017. Dados clínicos e obstétricos do binômio, além de informações sobre a prática de aleitamento materno do recém-nascido após alta hospitalar, foram obtidos por aplicação de questionário padronizado. O acompanhamento foi realizado mensalmente, por seis meses. A descontinuidade do aleitamento materno exclusivo, em qualquer momento do estudo, caracterizou a interrupção precoce. O teste de regressão de Poisson foi utilizado para avaliação dos fatores associados ao desfecho, com resultados expressos por Razão de prevalência (RP) e respectivos intervalos de confiança a 95% (IC 95%) considerando p< 0,05 como significativo. Resultados: Dos 132 recém-nascidos que receberam alta hospitalar em aleitamento materno exclusivo e que foram acompanhados até os 6 meses de vida, 94 (71,2%) deles interromperam a amamentação exclusiva precocemente. Idade materna ?35 anos foi caracterizada como fator de proteção para a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo [RP: 0,591 (0,350-0,997); p= 0,049] e a via de parto cesariana, como fator de risco [RP: 1,284 (1,010-1,633); p=0,041]. Conclusão: Foi alta a prevalência de interrupção do aleitamento materno exclusivo antes dos 6 meses de vida em recém-nascidos prematuros. Foram fatores associados ao desfecho, a idade materna avançada, como fator de proteção, e parto cesáreo, como fator de risco para a interrupção precoce do aleitamento materno.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN): Orientações básicas para a coleta, processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004

Gomes MR; Costa ES. Interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo: experiência com mães de crianças em consultas de puericultura. Revista Brasileira de Promoção de Saúde. 2015, 28(4): 547-552

American Academy of Pediatrics. Breastfeeding and the Use of Human Milk. 2012, 129(3): e827-e841

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Cadernos de Saúde. n.23. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015

Redigolo RLP; Silva SS; Dutra-de-Oliveira JE; Silva MAI; Nogueira-de-Almeida CA. Perfil de crianças atendidas em programa de fornecimento de fórmulas infantis. International Journal of Nutrology 2017. 10 (3): 81-90

Wilson E; Bonamy AKE; Bonet M; Toome L; Rodrigues C; Howell EA; Cuttini M; Zeitlin J. Room for improvement in breast milk feeding after very preterm birth in Europe: Results from the EPICE cohort. Maternal & Child Nutrition. 2018, Jan, v. 14(1)

UNICEF, WHO. Implementation guidance: protecting, promoting and supporting breastfeeding in facilities providing maternity and newborn services – the revised Baby-friendly Hospital Initiative. Geneva: World Health Organization; 2018

Boccolini CS; Boccolini PMM; Monteiro FR; Venâncio, SI; Giugliani ERJ. Tendência de indicadores do aleitamento materno no Brasil em três décadas. Revista de Saúde Pública. São Paulo, 2017, v. 51, p. 1-9

Ericson J, Flacking R, Hellström-Westas L, Eriksson M. Changes in the prevalence of breast feeding in preterm infants discharged from neonatal units: a register study over 10 years. BMJ open, 2016. 6 (12): e012900

Méio MDBB, Villela LD, Júnior G, Tovar CM, Moreira MEL. Amamentação em lactentes nascidos pré-termo após alta hospitalar: acompanhamento durante o primeiro ano de vida. Ciência & Saúde Coletiva, 2018; 23: 2403-2412

Cavalcanti SH; Caminha MFC; Figueiroa JN; Serva VMSBD; Cruz RSBLC; Lira PIC; Filho, MB. Fatores associados à prática do aleitamento materno exclusivo por pelo menos seis meses no estado de Pernambuco. Revista Brasileira de Epidemiologia, 2015 Jan-Mar, v. 18(1): 208-19

Lima APC, Nascimento DS, Martins MMF. A prática do aleitamento materno e os fatores que levam ao desmame precoce: uma revisão integrativa. J. Health Biol Sci. 2018; 6(2):189-19

Sanches MTC, Buccini GS, Gimeno SGA, Rosa TEC, Bonamigo AW. Fatores associados à interrupção do aleitamento materno exclusivo da lactentes nascidos com baixo peso assistidos na atenção básica. Cadernos de Saúde Pública. 2011; 27(5):953-96

Wu YH, Ho YJ, Han JP, Chen SY. Influence of Breastfeeding Self-Efficacy and Breastfeeding Intention on Breastfeeding Behavior in Postpartum Women. Hu Li Za Zhi The Journal of nursing, 2018 Feb;65(1):42-50

Scochi CGS, Ferreira FY, Góes FSN, Fujinaga CI, Ferecini GM, Leite AM. Alimentação Láctea e prevalência do aleitamento materno em prematuros durante internação em hospital amigo da criança de Ribeirão Preto – SP, Brasil. Cienc Cuid Saude 2008; 7(2): 145-154. World Health Organization. Health aspects of low birth weight. Tech Rep Series. Geneva 1961, 217

World Health Organization. Health aspects of low birth weight. Tech Rep Series. Geneva 1961, 217

Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de Alto Risco. Manual Técnico. 5ª edição. Editora MS. Brasília (DF), 2012.

Instituto Paulo Montenegro. Folheto Analfabetismo Funcional – 2005. São Paulo, 2005.

BRASIL, Ministério da Saúde, Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco, Ministério da Saúde, 2013, Cadernos de Atenção Básica, nº 32;

Atalah SE, Castillo C, Castro R, Aldea A. Propuesta de un nuevo estándar de evaluación nutricional en embarazadas. Rev Med Chil. 1997; 125 (12): 1429-36.

Rasmussen KM, Yaktine AL; Institute of Medicine. National Research Council. Committee to Reexamine IOM Pregnancy Weight Guidelines. Weight gain during pregnancy: reexamining the guidelines. Washington: National Academies Press; 2009.

Villar J, Ismail LC, Victora CG, Ohuma EO, Bertino E, Altman DG, et al. International Fetal and Newborn Growth Consortium for the 21st Century (INTERGROWTH-21st). International standards for newborn weight, length, and head circumference by gestational age and sex: the Newborn Cross-Sectional Study of the INTERGROWTH-21st Project. Lancet. 2014; 384 (9946): 857-68.

Villar J, Ismail LC, Victora CG, Ohuma EO, Bertino E, Altman DG, et al. INTERGROWTH-21st very preterm size at birth reference charts. The Lancet. 2016; 387(10021), 844-845.

American Academy of Pediatrics. The Apgar Score. Pediatrics 2006; 1444-1447;

Boccolini CS, Carvalho ML, Oliveira MI. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida no Brasil: Revisão Sistemática. Revista de Saúde Pública 2015; 49(91): 1-16;

Silva WF, Guedes ZCF. Tempo de aleitamento materno exclusivo em prematuros e a termo. Revista CEFAC, São Paulo. 2013, 15(1): 160-171;

Czechowski AE, Fujinaga CI. Seguimento ambulatorial de um grupo de prematuros e a prevalência na alta hospitalar e ao sexto mês de vida: contribuições da fonoaudiologia. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2010, 15(4): 572-577

Hackman NM, Alligood-Percoco N, Martin A, Zhu J, Kjerulff KH. Reduced breastfeeding rates in firstborn late preterm and early term infants. Breastfeeding Medicine, 2016. 11 (3):119-125;

Ferreira HLOC, Oliveira MFD, Bernardo EBR, Almeida PCD, Aquino PDS, Pinheiro AKB. Fatores Associados à adesão ao aleitamento materno exclusivo. Ciência & Saúde Coletiva, 2018. 23: 683-690;

Rocci E, Fernandes RAQ. Dificuldades no aleitamento materno e influência no desmame precoce. Revista Brasileira de Enfermagem, 2014. 67 (1): 22-27;

Silva JLCP, Surita FGC. Idade Materna: resultados perinatais e vias de parto. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstétricia 2009; 31(7):321-5;

Oliveira MR, Santos MG, Aude DA, Lima RM, Módolo NSP, Navarro LH. Anestesia materna deve atrasar a amamentação? Revisão sistemática da literatura. Revista Brasileira de Anestesiologia 2019; 69(2):184-196

Brasileiro AA, Possobon RF, Carrascoza KC, Ambrosano GMV, Moraes ABA. Impacto do incentivo ao aleitamento materno entre mulheres trabalhadoras formais. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2010. 26(9): 1705-1713

Oliveira IBB, Leal LP, Coriolano-Marinus MWL, Santos AHS, Horta BL, Pontes CM. Meta-analysis of the effectiveness of educational interventions for breastfeeding promotion directed to the woman and her social network. Journal of advanced nursing, 2017. 73(2): 323-335.

Zachariassen G, Faerk J, Grytter C, Esberg BH, Juvonen P, Halken S. Factors associated with successful establishment of breastfeeding in very preterm infants. Acta Paediatrica, 2010. 99(7): 1000-1004.

Maastrup R, Hansen BM, Kronborg H, Bojesen SN, Hallum K, Frandsen A, et al. Factors associated with exclusive breastfeeding of preterm infants. Results from a prospective national cohort study. PloS one, 2014. 9 (2): e89077

Luz LS, Minamisava R, Scochi CGS, Salge AKM, Ribeiro LM, Castral TC. Predictive factors of the interruption of exclusive breastfeeding in premature infants: a prospective cohort. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(6):2876-82

Sassá AH, Schmidt KT, Rodrigues BC, Ichisato SMT, Higarashi IH, Marcon SS. Bebês pré-termo: aleitamento materno e evolução ponderal. Revista Brasileira de Enfermagem. 2014, 67(4): 594-600

Downloads

Publicado

31/03/2020

Edição

Seção

Artigo original

Como Citar

FATORES ASSOCIADOS À INTERRUPÇÃO PRECOCE DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO EM PREMATUROS. (2020). Arquivos Catarinenses De Medicina, 49(1), 50-65. https://revista.acm.org.br/arquivos/article/view/643

Artigos Semelhantes

1-10 de 26

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)